A população de Garanhuns, no Agreste do estado, amanheceu ontem em estado de choque, depois do desfecho de uma tentativa de assalto numa farmácia que terminou com a polícia atirando e matando o assaltante que mantinha uma funcionária de refém. Edvânia Galdino da Silva, 37 anos, estava a poucos minutos de encerrar seu expediente na Droga Vivo e voltaria para casa, onde o marido e os três filhos a aguardavam. Leonardo Bezerra da Silva, de 20 anos, supostamente drogado e com uma faca na mão chegou ao estabelecimento e tentou assaltá-lo, junto a outro comparsa. Os caminhos do bandido e da vítima se cruzam no momento em que a funcionária tenta atendê-lo e ele já aponta a arma para ela, enpunhada próximo ao rosto da funcionária.
Um policial militar à paisana, dentro da farmácia, saca a arma e pede para que ele a solte. O outro assaltante foge. Uma viatura da PM que fazia ronda nas proximidades viu a movimentação e foi ao local. Começa uma negociação que durou mais de duas horas. Ajoelhada no momento do disparo e agarrada a uma medalha de Nossa Senhora, a vítima sobreviveu graças à cautela da polícia que aguardou o momento certo para atirar, depois de esgotadas as tentativas de negociação. O episódio começou por volta das 21h da segunda-feira, na Avenida Rui Barbosa, bairro de Heliópolis. Segundo a funcionária, o assaltante dizia que ela iria com ele para o inferno naquela noite.
Com uma faca peixeira apontada ao rosto e sob ameaças de morte, o drama da funcionária da drogaria foi acompanhado por centenas de pessoas. No momento da abordagem, havia três clientes, entre eles um policial militar. Segundo testemunhas, os dois assaltantes chegaram juntos. Leonardo seguiu para os fundos da loja, o que chamou a atenção da atendente. ´Ela perguntou o que o homem desejava. Ele anunciou o assalto, puxou a faca peixeira e a agarrou. O PM, que estava à paisana, percebeu e sacou um revólver`, descreveu o gerente da farmácia, Erlan Cardoso. Policiais que estavam numa viatura do 9º Batalhão da Polícia Militar ouviram os gritos. ´A equipe entrou e achou que o policial era o bandido, mas logo percebeu que ele só estava tentando ajudar`, disse o gerente do estabelecimento.
Para a polícia, não havia dúvida de que o pior poderia acontecer. ´O suspeito estava muito alterado, parecia estar sob efeito de drogas. Só dizia que ia matar a mulher e não aceitava nossas propostas de negociação`, afirmou o major Abel Ferreira Júnior, comandante do 9º Batalhão. Segundo ele, foi oferecida a possibilidade de o bandido sair pela rua, sem a refém, e não ser preso. ´Leonardo pediu que a avenida ficasse completamente vazia e disse que só iria se a mulher também fosse, mas não aceitamos`, esclareceu o major. O promotor de Justiça Alexandre Bezerra ofereceu R$ 1 mil e um carro para a fuga. O tenente Leandro Nunes deu a quantia de R$ 300. Nada foi aceito.
Esgotadas as possibilidades, a polícia tomou a decisão de atirar no assaltante. Num momento de descuido, quando ele exigiu que a vítima se ajoelhasse, um PM recebeu a ordem de atirar. Leonardo Bezerra da Silva foi atingido com um tiro na cabeça. ´A nossa vontade era de que os dois saíssem vivos, mas não havia alternativa. Esse é o trabalho da polícia`, disse o major Ferreira Júnior. Cerca de 20 policiais civis, militares e bombeiros e três delegados participaram da ação. Segundo a polícia, Leonardo foi preso em 2009, por tráfico e porte ilegal. Até a semana passada, estava na Cadeia Pública de Garanhuns, mas conseguiu o direito de responder em liberdade.
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